O canal norte americano AMC exibiu no último domingo (27) o último episódio (7) da primeira metade, ou para os mais íntimos: midseason finale, da segunda temporada de The Walking Dead.
Esse texto pode conter SPOILERS para quem ainda não viu a segunda temporada.
A estratégia é bem simples: faça um episódio mediano ou fraco e nos minutos finais adicione uma sequência de tirar o fôlego. Instantaneamente o espectador dirá: “caramba, que episódio foda!”. Isso é natural do ser humano, se apegar à última coisa que viu e esquecer o todo como conjunto. The Walking Dead utilizou dessa técnica em boa parte dos episódios dessa primeira metade da segunda. Você acha que tudo foi maravilhoso, mas não foi. Nos apegamos ao minuto ou episódio final e esquecemos o quanto foi difícil e torturante chegar até ali. Exemplo disso foi terceiro episódio “Save the Last One”. Um episódio completamente chato que no fim nos pegou em nosso momento mais imerso de despretensão e chocou com a sequência final. Ta lá. Inevitável dizer “o episódio foi foda!”. Mas não, não foi. Começa sem nexo, em seu maior momento Breaking Bad wannabe (não, Walking Dead, você não é e nunca será) e gratuito para no final revelar que aquilo era um mero detalhe, sem relevância nenhuma para ganhar tal importância oferecida.
A temporada está assim, sem relevância ou importância. TWD ainda não consegue fazer qualquer personagem ter qualquer uma das faculdades já citadas. O grande problema de TWD é justamente que não nos importamos com nenhum daqueles personagens. Eles não são carismáticos ou se fazem merecedores de qualquer empatia minha. Eu simplesmente não me importo se a Lori está grávida, ou que a Sophia sumiu, ou que a Andrea se mostra com suicidal tendecies. Realmente não dá para comprar qualquer um desses plots. E quem são os culpados disso? Nós, e nossa frieza sádica natural? Não. Os roteiristas. Roteiristas tais que teimam em fazer um roteiro fraco, com pontas soltas e ações despropositais. TWD não consegue se sustentar com um bom diálogo, esse que é quase inexistente em toda a série. Eles não podem dizer que estão fazendo uma série sobre pessoas (por que será que isso virou moda?) e esquecer que para isso devem, acima de tudo, sustentar um bom diálogo. Talvez o mérito do último episódio, que se propôs a responder o que ficou completamente arrastado por toda a temporada, tenha sido justamente abandonar qualquer questionamento filosófico e se voltar mais para ação e suspense. É bem mais interessante ver zumbis tendo os miolos explodidos do que ser obrigado a assistir um diálogo mal regido ou ação nonsense (vide a cena do poço).
Como se não bastassem os diálogos frágeis, os personagens ainda são mal construídos. O personagem do Daryl, por exemplo, sofreu uma evolução estranhamente rápida da temporada anterior para cá, claramente os roteiristas pularam etapas que deveriam ser necessárias com ele. Se os personagens não fossem mal construídos, T-Dog teria uma posição maior na cadeia da trama superando assim o fato de ser o único negro da série.
Não sei até que ponto o rompimento de Frank Darabont com a produção tenha afetado o resultado final, mas cabe agora ao Glen Mazzara ostentar a difícil tarefa de ser o showrunner da atração. Nota-se claramente que a série não estava preparada pra essa mudança. A situação me faz lembrar um pouco as séries que o J.J. Abrams encabeça. É inevitável que o homem sairá antes do final da primeira temporada. O diferencial é justamente o roteirista que ficará ao encargo de showrunner. Isso pode ter um resultado positivo como Fringe e Lost(?) ou desastroso como Undercovers e... Lost(?).
excelente trabalho, parabéns.
ResponderExcluirBelo trabalho!! Adorei sua crítica..vou esperar a próxima postagem de Tiago Peres. Parabéns!!!
ResponderExcluir