sábado, 19 de novembro de 2011

NOVA LEI QUER PROIBIR SCANS DE GIBIS



AS SCANS PODEM ACABAR MESMO!!!
Indiretamente, qualquer atuação de entidades e empresas contra pirataria afetam os leitores de quadrinhos pelo mundo. Os chamados scans são parte do cotidiano da maioria dos leitores, especialmente no Brasil. Scans são os quadrinhos escaneados, ou então “ripados” do formato digital propriamente dito. Hoje o Estadão noticiou que uma lei antipirataria está sendo estudada no senado americano, e se ela for aprovada toda a internet será mudada – pra valer.
Se o projeto de lei for aprovado, chamado de Stop Online Piracy Act (SOPA), o Estado terá poderes de perseguir provedores e sites que distribuíam direta ou indiretamente o conteúdo ilegal, estando aí grandes grupos online de redes sociais como o Twitter e o Facebook. A lei tem uma proposta de modernizar o estatuto criminal americano para prevenir a distribuição de qualquer conteúdo pago que não seja por um canal oficial.

Para combater esta possível censura online, organizações como Mozilla, Creative Commons e a Eletronic Frontier Foundation uniram esforços pesados contra o senado, apostando num acordo mais agradável para ambos os lados. Curiosamente eles receberam apoio das maiores entidades online do mundo: eBay, Google, Facebook, Linkedin, Twitter, Yahoo, Zynga e AOL.

Como isso afeta os leitores? Se a lei for aprovada, os principais sites de scans do mundo serão fechados, bem como comunidades no Facebook e em outras comunidades que distribuem este conteúdo. Sites que estão em outros provedores podem não sofrer retaliações diretas, mas nada impede que um possível sucesso da lei americana seja reprisada em outros países – e é aí que o Brasil entra na jogada.

Na teoria, a distribuição de conteúdo sem fins lucrativos não é crime neste país, mas a cultura de “aproveitamento” incutida na sociedade brasileira complica a situação. “Por que vou comprar se posso baixar?” é uma frase comumente ouvida. Não que seja dita por todos, mas a parcela também não é pequena. Existe um estudo que aponta o “jeitinho brasileiro” como um legado que leva toda a sociedade è época colonial, na qual os primeiros brasileiros nascidos aqui perceberam a perda cultural e das riquezas que foram arrancadas da terra até não sobrar quase nada. Em teoria ela explicaria porque o brasileiro tem esse sentimento de que precisa se aproveitar da situação para que outro não lhe passe a perna em seguida.

Tendo isso entendido, fica mais fácil compreender o comportamento da sociedade brasileira na internet. Tudo é uma forma de tirar uma vantagem, infelizmente. De novo “por que vou comprar se posso baixar?”. A internet, teoricamente, é uma vitrine de conteúdo, que pode ser adquirido pelos canais de compra, mas foi ela que matou a indústria fonográfica e pode matar a indústria de quadrinhos – pelo menos em papel, é claro, já que o formato digital das HQs foi muito mais bem aceito do que no âmbito musical.

Há quem defenda o chamado “download ilegal” como forma de “testar” um produto. Se a pessoa gosta da revista, compra na banca ou importa um encadernado bem acabado (se souber ler os textos em inglês ou outro idioma). Se ela não gosta, não compra – mas se ela leu a revista, então o produto foi consumido, e nada foi pago. Por outro lado, por que uma pessoa gastaria dinheiro por um produto ruim? É um debate difícil e que raramente chega em alguma conclusão realmente construtiva. No entanto, vale notar uma coisa que vale tanto para a indústria como para os leitores: a arte industrializada tem altos e baixos, mas sempre há produtos de qualidade. Ao ser culturalmente bem espalhada – seja com marketing, ou simplesmente com o engajamento dos consumidores – ela venderá, talvez mais do que se espera. É graças ao legado cultural que a Turma da Mônica continua vendendo tão bem, como disse Sidney Gusman numa entrevista ao Multiverso DC.

A DC Comics deu seu primeiro passo para isso, não só colocando seus produtos à venda no formato digital (cujo preço vai caindo conforme se seguem as semanas do lançamento), mas também fazendo uma imagem pesada e livre de sua sombra de eventos e complicações cronológicas que assustam qualquer possível leitor. É muito importante que os passos a seguir sejam adiante, e não retrocededores, ou o que foi alcançado nos últimos meses se perderá, e a pirataria ficará ainda mais pesada. E aí, na mente de governantes e grandes empresários, a lei antipirataria é necessária.

Portanto, a lei entrando em vigor e sendo reprisada no Brasil, por exemplo, causará mudanças drásticas em sites e comunidades conhecidas. Uma quase censura, talvez. Se bem que no Brasil há um diferencial exclusivo: as leis não costumam funcionar exatamente como são…

Direto do Multiverso DC

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